Parei para pensar! “the witness”: você pode contar com os seus vizinhos?
*Esse texto contém spoiler moderados sobre o filme The Witness
Por morar em uma cidade do interior, me sinto privilegiada por conhecer a maioria dos meus vizinhos. Porém, esse não é o caso de Sang Hoon, interpretado pelo talentosíssimo Lee Sung Min.
Ele se muda com a sua família para um condomínio, sua casa própria, adquirida com muito trabalho e esforço. O apartamento é muito bonito e ele e sua família estão contentes com a mudança. Mas um acontecimento chocante, com o poder de te prender no filme, muda tudo!
Após presenciar um crime, que ele poderia ser testemunha e ajudar a identificar o criminoso, nos deparamos com o dilema que o personagem Sang Hoon passa.
Numa sociedade onde a profissão vem antes do nome ao se apresentar a um desconhecido, fica claro que quem você representa é mais importante do que quem você realmente é.
Isso por si só já vai definindo o conceito de que você é o que tem. E com isso acontece a supervalorização da reputação.
Caso Sang Hoon, apoie a investigação ele não só corre risco de vida, porque o criminoso pode querer se vingar dele e da sua família, mas também haveria a desvalorização do imóvel já que o bairro seria considerado violento.
Os crimes não param e Sang Hoon acaba se envolvendo cada vez mais.
Jae-Yeob (Kim Sang Ho) é um detetive determinado, e contamos com ele para que as coisas se resolvam. Mas o que a polícia pode fazer sem o auxílio de uma testemunha? O que é ser um bom vizinho nessa situação?
Essa discussão proposta no filme é tão importante, que mesmo que você fique curioso sobre o passado do serial killer ou ainda queira saber sua motivação, o dilema sobre testemunhar o que o vizinho sofreu e colaborar com a investigação é sufocante. Colocaria sua família em risco para ajudar um vizinho? O suspense complexo te deixa apreensivo e intrigado.
A associação do condomínio é cruel e egoísta, retratando como a sociedade sul-coreana se tornou crítica e individualista com o passar do tempo.
A atuação do elenco e a direção é excepcional, nos transformando em moradores do condomínio, observando pela janela tudo que está acontecendo.
Mas será que a política do “É cada um por sí” funciona?
Olhar para o próprio umbigo nos impede de enxergar um universo muito vasto de possibilidades. E não se engane, isso não acontece só nessa situação. Você conhece pessoas assim ou já foi uma delas em algum momento.
Viver em sociedade, como diz a própria origem da palavra, pressupõe reconhecimento de uma coletividade e colaboração mútua. Só assim é possível viver em paz.
Se você gritasse por socorro em uma noite qualquer, quantos vizinhos viriam te ajudar?
Me conta sua opinião.
The Witness está disponível na Netflix.
