ATÉ 1443 NA COREIA SE FALAVA EM COREANO E ESCREVIA EM CHINÊS?
Sim, até 1443 a maioria do povo coreano era analfabeto funcional, naquela época os coreanos falavam uma língua, o coreano, e escreviam em outra, o chinês. A língua coreana sempre foi à língua materna da Coréia, porém durante muitos séculos os coreanos se viram dependentes da escrita chinesa.
Então, o rei Sejong (세정) o grande, o quarto rei da dinastia Choson (Joseon) entre 1397 e 1450 decidiu criar um sistema de escrita que usasse não só caracteres para expressar a língua, mas que descrevessem os sons exatamente como saem da boca (o que torna o alfabeto coreano mais próximo do português que das línguas orientais), ao explicar a necessidade de um novo sistema de escrita, o rei Sejong alega que a língua coreana que era fundamentalmente diferente da chinesa como o uso de caracteres chineses (conhecidos como hanja) para escrever em coreano era tão difícil para a população em geral que apenas uma elite privilegiada (yangban, 양반), normalmente formada por homens, era capaz de ler e escrever fluentemente.

Entretanto, credita-se frequentemente a criação do sistema de escrita Hangul à Academia Real Jib-hyeon-jeon (집현전). O projeto foi completado no fim de dezembro de 1443 ou janeiro de 1444, e descrito em 1446 em um documento intitulado Hunmin Jeongeum (훈민정음) ), documento introdutório do alfabeto coreano recém-criado, o Hangul (한글) só teve este nome reconhecido em 1928. A data da publicação do Hunmin Jeong-eum, 9 de outubro, tornou-se o Dia de Hangul na República da Coreia. A Coreia do Norte celebra o mesmo evento no dia 15 de janeiro.
Na Coréia do Sul é um feriado nacional com várias atividades realizadas neste dia, e a maioria dos museus tem entrada gratuita. Nas comemorações de 2009, uma estátua pesando 20 toneladas de bronze do Rei Sejong foi inaugurada no Gwanghwamun Plaza, em Seoul sendo atualmente uma das maiores atrações turísticas da cidade.

Mais informações sobre o Hangul
1: Hangul é o alfabeto coreano que incorpora todos os sons pronunciados pela língua coreana tendo como fonte de inspiração a própria fisiologia humana, pois o desenho das letras procura reproduzir os movimentos dos órgãos que participam a sua articulação, sendo compostas de curtos traços horizontais, verticais e círculos que representam o contorno da garganta ou o movimento da língua no momento em que tais letras são pronunciadas.
2: O Hangul contém 24 letras (10 vogais e 14 consoantes), sendo uma língua extremamente fonética e os criadores de seu alfabeto se esforçaram para demonstrar isso. Por exemplo: o mi-eum (ㅁ), letra similar ao nosso “m”, é escrito de modo que todas as suas extremidades estejam fechadas, isso para demonstrar que para pronunciá-lo é preciso fechar os lábios. Os três formatos básicos das vogais foram baseados em três elementos do Neo-Confucionismo: Homem, Terra e Céu.
3: O alfabeto coreano é considerado por linguistas a escrita mais lógica, original e prática do mundo e um estudo feito pela ONU colocou o Hangul como a mais adequada para representar as 2.900 línguas sem escrita conhecidas no mundo de hoje. A Unesco instituiu, em 1989, o Prêmio Rei Sejong em prol da erradicação do analfabetismo no mundo. A criação e o estabelecimento do Hangul é considerado um caso único no mundo, inscrito no Patrimônio Cultural da UNESCO em 1997.
4: A língua Coreana é a língua oficial tanto na Coreia do Norte como na do Sul. O número de pessoas que falam coreano é de cerca de 8 milhões e a língua é falada principalmente na Coreia do Norte, Coreia do Sul, China e comunidades de imigrantes coreanos em diversos países, incluindo Brasil, Canadá e EUA.

Curiosidades
1: Sejong foi um rei tão importante para a Coréia que apenas ele e Gwanggaeto possuem o título de “Grande”. Ele foi responsável por incentivar a ciência e tecnologia na Coréia, além de expulsar piratas japoneses de suas terras e implementar políticas de prosperidade.
2: O rei introduziu o hangul na sociedade coreana, pois queria substituir os ideogramas chineses que eram utilizados naquela época. De acordo com o rei Sejong, a forma de comunicação coreana era muito diferente da chinesa que eles utilizavam. Dessa forma, era necessário criar um alfabeto coreano para que toda a população pudesse se comunicar e expressar mais fielmente o que queriam. Um alfabeto coreano também seria importante, na visão do rei Sejong, pois a dificuldade em utilizar os ideogramas chineses faziam com que apenas a elite coreana fosse alfabetizada. Assim, a maioria do povo comum era analfabeto funcional.
3: Há quem diga também que a mudança possuía caráter político e militar, uma vez que deixando de utilizar os ideogramas chineses e introduzindo um alfabeto diferente ficaria impossível para a China identificar e decifrar a comunicação na península da Coréia.
4: Não existem dialetos no país, apenas algumas diferenças mínimas de pronúncia entre as diversas regiões que o compõem.
Recomendação de drama
Em 2015 a MBC produziu e exibiu um mini drama de dois episódios de 1 hora cada, chamado Splash Splash Love, escrito e dirigido por Kim Ji Hyun e nele mostra além de uma jovem muito obstinada a não aprender matemática à tentativa do rei em criar um novo sistema de escrita para o povo e podemos dizer que é a forma mais simples e emocionante de representar a história do alfabeto coreano, mesmo a trama não sendo exatamente como conta a história afinal o gênero do drama é fantasia e ainda hoje existem várias especulações sobre o processo de criação dessa escrita, ainda assim vale conferir o mini drama e comparar com o texto acima.

Fonte: Brasilkorea, mochilaeprosa e sinmoohkd.
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